Cercilho

Eduardo Barchiesi
1 min readMay 3, 2020

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a linha ascendente do gráfico

acompanha a montanha

de mortos insepultos

alguém me chama do escuro do poço

respondo o melhor que posso

voz rouca em meio à tosse oca

espera mais um pouco

logo mais também estou chegando

o sol é fraco para arder a bruxa que anda solta

e caminha sobre as águas de um mar cinzento

açodando manadas indóceis

à procura de vida vazia

sejam quais forem as consequências

enquanto mentes privilegiadas

emanam halos de gasogênio

que exsudam conflitantes prognósticos agônicos

não tão piores quanto os que amiúde açodam

as costas de quem as tem largas

propícias ao açoite

de dia e de noite

o onipresente invocado evanesce

a tal ponto que respirar se torna implausível

o corpo frio é testemunha indefectível

de que a linfa humana apodrece

http://eduardobarchiesi.blogspot.com.br/

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Eduardo Barchiesi
Eduardo Barchiesi

Written by Eduardo Barchiesi

Poetastro perdido no próprio rastro

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